O popular chavão do mundo dos negócios já diz tudo: crise é oportunidade. Neste caso, a oportunidade foi gerada para as empresas de logística em cima da crise causada pela greve nos Correios, que hoje entra no nono dia útil de paralisação.
A proprietária Sueli Belini conta que das 70 saídas por dia, com a greve, o total subiu para 85. "A maior parte dessas encomendas a mais foi de documentos", conta. O que, se não houvesse a greve, provavelmente seria entregue via Correios. Um de seus motoboys, Roberto Luiz Custodio, atesta: "estamos trabalhando muito mais nesses dias".
"Toda vez que tem a paralisação dos serviços acontece isso. A gente lucra mais. No ano passado foi a mesma coisa (em setembro de 2010 os Correios pararam suas atividades por 15 dias)", diz José Lopes, proprietário da Jota Express, de Diadema.
A média de 15 entregas diárias subiu para 20 nos dias de paralisação. "O número não foi tão maior porque estou com três motoboys a menos. Se tivesse mais funcionários, atenderia mais pedidos", conta Lopes.
Diego Ferreira, responsável pela logística da 3D Express - Entregas Rápidas, de São Caetano, relata que seu movimento foi levemente maior; das 40 entregas que realiza normalmente, teve incremento de duas. Ele alega que os pedidos seriam maiores não fosse a diferença entre os valores. "Muita gente chega a ligar mas, quando vê o preço, acaba desistindo."
PREÇOS
De fato, a distância entre os valores cobrados é grande. Para se ter ideia, uma encomenda leve que seja entregue na região tem custo médio de R$ 28, por meio de motoboy. Se for para São Paulo, o desembolso sobe para R$ 40. Nos Correios, tem-se gasto médio de R$ 12,60 para o envio pelo Sedex convencional (cuja entrega é feita de um dia para o outro) com peso de até um quilo. Para uma carta comercial registrada, sem aviso de recebimento, é cobrado R$ 3,90 para peso de até 20 gramas às pessoas jurídicas e de R$ 3,55 às pessoas físicas. As cotações foram feitas partindo de um CEP da Vila Guiomar, em Santo André, para outro de Santana, em São Paulo.
A diferença, portanto, considerando a locomoção entre as duas cidades, pode chegar a R$ 27,40 - considerando o Sedex. Se for um simples documento, R$ 36,10.
Firmas lucram com atendimento corporativo
A paralisação dos Correios também gerou impacto para as operadoras de logística, que atendem exclusivamente empresas, não abrindo espaço para pessoas físicas.
A Autlog, que atua exclusivamente com materiais promocionais, realizando a montagem de kits e itens de divulgação e a distribuição dos mesmos, somente na semana passada registrou aumento de 30% nas entregas, que subiram de 1.000 para 1.300.
"As companhias aéreas estão todas sobrecarregadas por conta da paralisação dos Correios", conta o diretor geral Flávio Augusto Abrunhoza Filho. "Nós operamos também com eles, porém, com a greve, uma simples pasta com a nova linha de produtos estamos enviando por via aérea ou rodoviária."
A TNT Express, companhia de logística e transportes, revela que as ligações do atendimento ao consumidor cresceram 150% na última semana. Segundo Carlos Ienne, diretor da divisão Express no Brasil, ainda não foi possível mensurar quantos desses telefonemas foram convertidos em entregas. "Na greve dos Correios do ano passado o volume de encomendas cresceu 10%."
Ienne diz apenas ter notado alta nos envios de pequenas amostras de carne e frango para a Rússia. "Ainda é muito cedo para estimar os números."
HISTÓRICO
Durante os nove dias úteis de paralisação dos Correios, o Grande ABC amarga 5 milhões de objetos encalhados nas centrais de distribuição. O volume médio de entrega diária é de 750 mil, mas, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos da Capital e Grande São Paulo, apenas 100 mil estão chegando ao destino.
Os Correios propõem reajuste salarial de 6,87%, aumento real de R$ 50 e abono de R$ 800. Considerando o piso da categoria, de R$ 807, daria aumento de 13%, para R$ 911,90. O sindicato, porém, pede aumento para R$ 1.635 e reposição da inflação de 7,16%. Os pedidos dos trabalhadores foram entregues há 53 dias aos Correios.
FONTE: http://www.dgabc.com.br/News/5915706/paralisacao-dos-correios-gerachance-para-empresas-de-logistica.aspx
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